foto do orgulhoso rubronegro Pery Gabriel |
O tema da nossa conversa de hoje não é novo. É vexatório para quem o provoca e causa orgulho em quem é atacado. Revisitamos essa bagaça com uma desagradável frequência, basta que o Mengão vá jogar em terras habitadas por minorias raivosas e recalcadas.
O tema, como vocês já devem ter adivinhado, é a xenofobia. Muito embora neste caso seja mais correto falar em Mengofobia, já que xenofobia é a aversão ao estrangeiro – e sabemos que os ataques de cunho fascistóide são direcionados a rubro-negros nascidos “dentro” dos locais onde acontecem estas reprováveis ações.
Politicamente a xenofobia sempre foi uma muleta para toda sorte de ações conservadoras. É uma ideia alinhada com o que há de pior nas relações humanas, a ideia de que existem seres humanos mais ou menos relevantes, que merecem mais ou menos respeito e direitos pelo simples fato de não terem nascido no lugar “certo”. Uma insanidade abismal. O mundo é um só, não é mesmo?
Já a Mengofobia tem origens e objetivos diferentes. Tem gente que fica dodói por achar que o Flamengo foi o time escolhido pelo sistema, pela Globo e por Deus para ser favorecido. Nesta teoria, desde 1895 a Globo transmite jogos do Fla (antes do futebol ser criado no clube e sem jamais mostrar seus rivais dentro de campo, usando técnicas avançadas de edição), para este lugar do mal, apinhado de gente feia, “diferenciada”, sem opinião e vontades próprias: o Nordeste (para estes energúmenos, Nordeste é tudo que fica acima de Belo Horizonte e vai até mais ou menos o México, demonstrando imensa debilidade racional).
Racismo puro, com toques nada sutis de dificuldade de compreensão da realidade.
Há o outro tipo de xenofobia que eu julgo ser mais perigoso. Porque o caso de cima é uma pegada pueril e simplória. O segundo, não. Trata-se da Mengofobia oportuni$ta. É o paralelo mais próximo ao National Front, partido de extrema-direita inglês, responsável direto pela campanha contra os imigrantes no final dos anos 1970 e início dos 1980. Consistia em usar argumentos falsos (a culpa da má economia é a imigrantada que rouba “nossos” empregos) para difundir politicamente suas ideias de “purificação” da raça. Nojento bagarai. A Mengofobia Oportuni$ta consiste em clubes e torcedores (e até técnicos ridículos como o Hélio dos Anjos, estão lembrados?) jogarem com a ideia de que você precisa torcer por um clube cujo CEP é próximo da sua casa, para fortalecê-lo financeiramente.
Convenhamos, um método artificial de crescimento. Ninguém tem obrigação nenhuma de viver sem comunicação, sem influências dos mais variados lugares e culturas. O Brasil é mestre em provar que puro é quem se mistura sem preconceito. Está na religião, está na música. E está também no futebol. Todo mundo vê jogos de todo mundo e cada um e cada uma torcem por quem lhe provoca mais afeição. Quer melhorar a região onde vive? Lute por direitos para sua comunidade e não vem com mimimi.
O Flamengo exerce fascínio e admiração porque é o reflexo do povo. Pelo menos do povo que não tem medo do outro. O rubro-negro não tem medo. Ele se encontra do Sul ao Norte. O rubro-negro e a rubro-negra se olham e se identificam. Citando a Charanga do Jaime “onde encontrares um flamengo, encontrastes um amigo”.
No maneiríssimo texto Somos uma vergonha mundial, o camarada Renato Croce sugeriu que a torcida levasse faixas de protesto e de resposta em cada ocasião que sofrermos estas criminosas perseguições. Uma placa, com seta apontada para os conservadores, dizendo Vergonha do Mundo. Achei sensacional. E espero que a instituição Clube de Regatas do Flamengo também se mova para defender os interesses dos seus representados. Neste caso, o interesse de simplesmente existir.
Mas que fique bem claro: nossa resposta deve ser politizada. Jamais devemos entrar nessa onda errada da divisão. Mesmo os mais otários seres humanos que participaram dessas tolices (rolou no Barradão contra o Vitória, no Serra Dourada contra o Goiás, agora com o Figueirense em Floripa) são seres humanos que merecem nossa compaixão rubro-negra. Vamos educa-los e considerar que a xenofobia também pode ser considerada uma doença. Como nos ensina a respeitabilíssima Wikipedia hehe!, xenofobia “é o medo excessivo e descontrolado do desconhecido. Caracteriza-se por ansiedade provocada pela exposição a um objeto temido. Pessoas que apresentam este terror persistente, irracional, excessivo e reconhecido como tal, tendem a evitar o contato com estranhos uma vez que esta situação lhe provoca extrema angústia, tensão arterial e da frequência cardíaca. Nos casos mais graves pode, inclusive, motivar um ataque de pânico”.
Mengofóbico: cuidado! Ficar dodói ao ver a Nação Rubro Negra pode te matar!
Agora vamos ao que interessa: ouvir um sonzinho. Hoje vamos de Woody Guthrie, o cristão comuna estadunidense que dizia que a terra é de todos, sem distinção e que usava seu violão para combater os fascistas. Fodão!
Rondi Ramone é flamengo no sul, no sudeste, no centro-este, no norte, no nordeste.
Mengão Sempre
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