Três mandatos como vereadora, um como presidenta do Flamengo. Patrícia Amorim nomeou em seu gabinete na Câmara dos Vereadores 25 pessoas do clube, nomes ligados à base política que sustenta o mandato rubro-negro. É o que mostra levantamento feito pelo ESPN.com.br no gabinete da vereadora-presidenta.
Entre os nomeados, há até quem tem o poder de fiscalizá-la no clube, como o presidente do Conselho Fiscal, Leonardo Ribeiro, o capitão Léo. Ex-chefe de torcida organizada, Leonardo ficou no gabinete de Patrícia entre os anos de 2003 e 2007, recebendo salário entre R$ 4 mil e R$ 7 mil. No ano em que assumiu o Conselho Fiscal, deu lugar ao sócio dele na empresa Leson Auditoria e Contabilidade, Nelson Santos de Souza. A sociedade ainda está ativa, e Nelson segue até hoje no gabinete de Patrícia.
A presença do poder que fiscaliza a presidenta no clube em seu gabinete é mais ampla: Izamilton Mota Gois, também do Conselho, também já esteve entre os funcionários de Patrícia. De acordo com o estatuto do Flamengo, o Conselho Fiscal é “um poder totalmente independente, eleito a cada 3 anos pelos membros do Conselho Deliberativo”.
O momento de maior repercussão de Leonardo Ribeiro no Flamengo foi o conflito com Zico, então diretor de futebol. No cargo, o ex-jogador criticou a forma como as divisões de base eram gerenciadas e bateu de frente com dirigentes de Patrícia.
Na ocasião do confronto Zico x Capitão Léo, Patrícia optou por não confrontar o ídolo. Coube a Leonardo Ribeiro tomar a frente do confronto, poupando a presidenta e seus diretores mais próximos do desgaste. Durante o embate, Patrícia limitou-se a protocolares declarações formais de que “respeitava a história de Zico no Flamengo e a figura do ídolo”.
Sobre os ataques de Leonardo Ribeiro, Patrícia declarou que o conselho fiscal era um poder independente no clube e que não tinha ingerência nas atitudes do seu mandatário. Na despedida do elenco, diante da presidenta, Zico afirmou que “não foi protegido por ela”.
Patrícia disse à ESPN que não vê conflito de interesse no fato do sócio do presidente do conselho que a fiscaliza receber salário do seu gabinete.
“Eu não preciso abrir mão do trabalho de uma pessoa bacana porque o sócio, o amigo, o pai ou a mãe ou quem quer que seja, se relacione com ele, resolve tomar uma outra linha. O Léo tomou uma linha política, assumiu os riscos dele. Eu fui candidata e ele foi contra. Eu não tenho nenhum desconforto em falar sobre isso”, disse Patrícia Amorim.
Leonardo Ribeiro confirmou que foi ele quem indicou Nelson para sua vaga. E afirmou não ver conflito de interesse no fato de seu sócio receber salário de Patrícia. Leonardo disse que, mesmo assim, tem independência em suas ações.
ESPN